sexta-feira, 21 de março de 2008

Eu não sou eu e tu.

Deus é todos os outros.

A vida é um facto contestável
e a morte um facto inevitável.

Tu és tu
porque eu sou eu.
E eu sou tu
quando tu és eu.
O nada é um quase tudo
e o tudo um quase nada.

O quase é
um eu que pensa
em tu.
é a vida pensada.

A certeza é um axioma sem retorno.
e a dúvida um eterno consolo.

Deus duvida do eu
assim como eu duvido do outro.

A dor é
um canto
sem ninho.
O amor é
um ninho
sem canto.

O que se procura não se encontra.

Apenas se encontra o que se conhece.

O eu procura-se no outro.

O outro procura-se no eu.

Apenas o eu se encontra em si

Apenas o outro se encontra no outro.

Deus
é uma eterna busca do eu
por si próprio.

O eu
é um eterno desvio do outro.

O eu sou eu a chamar-me.

Apenas eu
me chamo eu.

O outro sou eu
a chamá-lo ou
ele a chamar
o meu eu de outro.

Eu sou a primeira pessoa do singular
tu és a terceira de uma forma verbal.

O que existe não se diz. O que se escreve não existe.

Apenas eu
existo quando eu me digo


e tu existes quando eu te digo.

O mundo és tu dentro da minha cabeça.

E eu sou tu dentro da tua cabeça.

Eu e tu não existimos.

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