sexta-feira, 21 de março de 2008

Desloco-me para uma página em branco e algo deixou de ser. Escrevo linhas atrás de linhas palavras domesticadas por pontos finais que nada interrompem. Risco apago e volto a dizer palavras outras afluentes ao mesmo rio. Construo canais e procuro apoderar-me do sentido das coisas, alterar-lhes o rumo e o fim inevitável de tudo. E penso: será que o significado de tudo isto está no silêncio? Então, ceifo verdades dispostas na finita extensão da frase e empilho-as à margem. Escuto e nada oiço olho e já nem sei onde fica o horizonte. Apenas existo eu e a brancura desta página. Penso: será que é possível existir sem dizer? Insisto. Vivo em silêncio. Procuro ouvir o mar antes deste ser mar, sentir a brisa que passa e não sentir nada mais e esqueço-me. Já nada é.

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